No Salmo 73, Asafe nos apresenta suas reflexões sobre o contraste entre a sua vida sofrida e a vida próspera de muitos ímpios. Apesar de convicto sobre a bondade de Deus (Sl 73:1), ele confessa que não conseguia perceber essa bondade na sua própria vida. Ele admite que invejava a prosperidade dos ímpios (3-12), e que o povo de Deus fazia o mesmo (10).
Embora se considerasse íntegro (13-14), ele não tinha uma vida marcada pela prosperidade. Na sua conclusão preliminar, ele faz um desabafo amargurado (22) e afirma que foi inútil conservar seu coração puro e se manter íntegro (13). Enquanto sua vida era marcada por dificuldades e aflições (14), os ímpios eram prósperos pois gozavam de boa saúde (4), de tranquilidade e das riquezas (12).
Asafe conclui que é melhor ser um ímpio rico, arrogante, perverso e blasfemador (6-9) do que ser um piedoso pobre, sem tranquilidade, sem boa saúde e iludido (13-14).
A essência do clamor amargurado de Asafe é: “Tenho inveja dos ímpios que gozam da boa vida que Deus deveria me dar”.
Esta foi a lógica do Asafe:
• Deus é bom para os de coração puro (1)
• Eu tenho coração puro (13)
• Logo, Deus deveria ser bom pra mim.
• Entretanto, apesar da minha integridade, não desfruto da prosperidade dos ímpios (4 e 12-13).
• Concluo que: “como Deus não é bom para mim – não vale a pena obedecê-lo” e “Deus é injusto, pois Ele dá aos perversos arrogantes a prosperidade que deveria ser minha”.
A falácia do seu raciocínio está justamente na sua concepção preliminar: Bondade de Deus = Riquezas + Saúde + Tranquilidade.
Por fim, Asafe entra no santuário de Deus e reflete melhor. Ali ele se lembra do fim calamitoso reservado aos perversos (17;20;27), da iminência da morte e do juízo divino (18-19) e do glorioso destino eterno dos justos (24-25).
Asafe faz uma revisão teológica e conclui, acertadamente desta vez, que: Bondade de Deus = “Não haver nada mais precioso no mundo do que desfrutar da presença, conselhos, força e segurança eterna que vem de Deus – apesar das eventuais desventuras da vida” (23-26 e 28).
Vlademir Hernandes
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