“Vá para a sua casa, para os seus parentes, e conte-lhes tudo o que o Senhor fez por você e como teve compaixão de você. Então ele foi e começou a proclamar em Decápolis tudo o que Jesus lhe tinha feito; e todos se admiravam.” Marcos 5:18-19.
Esses versos do evangelho de Marcos encerram uma interação que o Senhor Jesus teve com dois endemoninhados na periferia da cidade de Gadara, às margens do mar da Galileia na província de Decapolis. Mateus e Lucas também registraram esta mesma história.
Um dos endemoninhados, após ser liberto da legião de demônios que o possuía, queria partir e estar com Jesus, mas o Senhor fez dele uma testemunha sua ali naquela província gentílica. Ele deveria divulgar o que o Senhor havia feito por ele, e a compaixão que o Senhor teve dele.
Fazia muito tempo que aqueles dois homens estavam endemoninhados por aquela legião maligna. Eles não tinham um teto para morar, viviam indignamente em um cemitério, se auto mutilavam com pedras, vagavam nus e aos gritos apavorando a todos. Eles eram ferozes e tinham uma força descomunal. Ninguém conseguia prendê-los nem passar por onde eles estavam. As tentativas de acorrentá-los e colocá-los em jaulas terminavam com as jaulas arrebentadas e as correntes despedaçadas. Suas vidas haviam sido roubadas por aqueles demônios.
Naqueles dias, Jesus residia em Cafarnaum, na outra extremidade do Mar da Galiléia. Repentinamente, após um dia comum pregando ao povo dali, resolveu ir até Gadara intervir naquela situação angustiante. Ao cruzar o mar da Galiléia para ir ao encontro dos endemoninhados, uma terrível tempestade acometeu sua embarcação. Os discípulos que o acompanhavam ficaram tanto desesperados pelo medo da morte iminente, quanto inconformados porque Jesus dormia tranquilamente em meio àquele caos. Depois de acordarem Jesus, acabaram ainda mais assombrados pela demonstração de poder do Senhor que acalmou aquela fúria do mar e dos ventos apenas com suas palavras. Exclamaram estupefatos: “Quem é este que até o vento e o mar lhe obedecem?”
Depois de navegar 20 quilômetros, Jesus chega na outra margem, na periferia de Gadara. Ao vê-lo de longe, os dois endemoninhados, violentos que eram e com sua força descomunal, correm em sua direção, mas de modo surpreendente, se prostram em reverência a Jesus. Os demônios naqueles corpos, aterrorizados por Sua presença inesperada, gritam: “Que temos nós contigo, Jesus, filho de Deus?” E imploravam para não serem punidos.
Certos de que seriam exorcizados, a legião pede permissão para entrar em uma manada de mais de 2000 porcos. O tamanho daquela legião fica patente pelo fato de demônios não serem onipresentes – cada porco ficou possuído por pelo menos um deles. O Senhor permite a possessão suína (demônios imundos entram nos animais imundos) mas, ironicamente, joga toda aquela imundície na água, onde os porcos morrem afogados, para frustração dos demônios.
Os porqueiros ficaram aterrorizados e foram contar ao povo da cidade. O povo da cidade ficou aterrorizado e pediram para Jesus ir embora. Tão inesperada como sua vinda, foi sua volta. Jesus entra no barco e parte na viagem de volta.
Todo aquele empenho num bate-volta de cerca de 40 quilômetros de barco enfrentando a tempestade, a legião e a rejeição, foi motivado por sua compaixão por aquelas duas almas em agonia. Tamanha demonstração de poder sobre o mundo material e sobre o mundo espiritual visando beneficiar dois estrangeiros indignos do Senhor.
Quem é este capaz de tamanha compaixão?
O Senhor é impressionante. Sua compaixão é tão grandiosa e espantosa quanto Seu poder. Louvado seja nosso Senhor que continua a manifestar seu poder e compaixão para beneficiar pessoas indignas como nós.
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