¹¹ Mas agora, todos vocês que acendem fogo e fornecem a si mesmos tochas acesas, vão, andem na luz de seus fogos e das tochas que vocês acenderam. Isso é o que receberão da minha mão: vocês deitarão atormentados Isaías 50:5–11
Existe algo surpreendente e invertido nas palavras do profeta Isaías. Normalmente, “andar com Deus” significa estar na luz e que as trevas são o lugar da dor, do luto e dos mais variados problemas. Diferente do padrão bíblico, aqui “luz” não é o caminho recomendado e “trevas” não representam o mal. O convite é confiar no Senhor mesmo quando tudo ao redor está escuro ou confuso. Como se Deus dissesse: “Venham andar comigo na escuridão. Esperem. Confiem”.
O texto começa com Isaias afirmando que Deus é totalmente confiável, mesmo quando enfrenta agressões, zombaria e pressões intensas. Ele segue firme porque conhece o caráter do Senhor. O que faz Deus ser tão confiável? Ele não falha, não recua, não perde o controle, não se contradiz. A segurança do profeta nasce da reputação e testemunho do Senhor dos Exércitos.
No penúltimo verso, surge o contraste. Existem aqueles que, assustados com a escuridão, acendem suas próprias tochas. Criam caminhos, atalhos e soluções para evitar depender de Deus. Fazem as coisas do próprio jeito, seja por rejeição à Verdade ou ignorância acerca da Vontade do Alto. É o mais humano dos impulsos: “Se Deus não ilumina o caminho agora, eu mesmo farei”. É tentar resolver as coisas “do meu jeito”, os motivos variam, mas frequentemente envolve pressa, vício em controle, autossuficiência, entre tantos outros.
Diante disso uma pergunta se impõe: em que áreas da minha vida insisto em acender minha própria tocha? Relacionamentos precipitados, negócios sem oração, rotinas que corroem a alma, conflitos alimentados pela carne, decisões guiadas por falsas seguranças.
O texto ainda afirma que aqueles que acendem suas próprias tochas acabam atormentados. Nem todo sofrimento vem disso, mas boa parte das nossas inquietações nasce do hábito de confiar no próprio entendimento.
Muitas das ansiedades e turbulências sejam o fruto dessa hiperatividade autônoma, que parte da insônia ou cansaço ao acordar reflitam as mãos de alguém que tenta agarrar tudo o tempo todo.
É preciso, portanto, rogar como os discípulos: “Senhor, aumenta a nossa fé”. Pedir para Deus nos revele onde temos andado na luz das próprias decisões. Que Deus nos dê coragem de apagar o que acendemos, esperar por Ele e confiar na Sua liderança mesmo quando tudo ao redor parece perdido. Porque, na escuridão ou na luz, Ele continua sendo o Deus digno de confiança.
Daniel Manzano










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